27 abril 2006

Amanhecer


Os dias têm amanhecido menos dia, é inatingível a beleza daqueles tempos de outrora, desperdício! É como do corpo as mãos inutilizadas, do chão a terra mal pisada. Há dias que percebo que o dia amanhece menos dia, mas não permito questionamentos. Dias como hoje em que desejo amanhecer o dia insiste em querer menos, bem menos que habitualmente. Não me quer desafiar e não compreende que o prazer que me move é esse desafio, seus devaneios, preciso de contato intenso, preciso do cheiro, do tato, do gosto! A cada manhã quero um novo amanhecer, um novo formato das cores, incorporar as cores, distante do tédio rotineiro, apenas, e tão somente o amanhecer. Não venha perfeito e acabado, preciso apenas do amanhecer novo. Posso restaurar-me! Imagino-me novamente a admirar-te nos teus mínimos detalhes, nos pequenos traços de dia, na singela forma do renovado, hoje quero me dispor a ti sempre... Não me negue a possibilidade de ser-te! -Acho que hoje amanheceu com sono.

2 comentários:

Marcio Oliveira disse...

Faça com que o sol nasça p/ vc... Façamos o nosso próprio dia... Nem sempre esperar é válido... Te amu... saudades, beijos.

drico disse...

Seguindo este raciocínio, existe, ao meu ver, uma espécie de espelho na aurora. Parece que a cor que ela emana é a nossa cor, a cor do nosso dia, a cor que pensamos ter ou que temos a partir do momento que a vemos. Talvez toda a luta (ou todo o gozo) seja apenas interna, e tudo o mais seja representação disto!