Lembro-me vagamente daquele lugar, faz tanto tempo, mas nada do que já conheci se assemelha àquela sensação. Eu não tinha muito jeito de estar ali (disso bem recordo). Tamanho foi o desejo de me deparar com a diversidade que não me foi permitida a oportunidade de permanecer entre aquelas paredes.
A curiosidade foi crucial naquele momento, juntamente com uma força tal chamada “superior”, mas certamente a curiosidade me permitiu avistar este agora e abandonar o meu mundo perfeito. No entanto, agora é irrelevante discorrer sobre o que me fez sair, pois sei da necessidade de me concentrar naquele lugar perfeito para descrevê-lo.
Bom, o que sei é que era um tanto “apertado”, mas, sendo eu daquele tamanho, espaço não era problema. Eu levava uma vida sossegada, na verdade levavam minha vida. Acho que já era “folgada” naquele tempo. A paz era tanta que eu me entediava, e chutava, esmurrava tudo que via pela frente, eu já era mal agradecida também. Não precisava trabalhar, não tinha nenhuma obrigação, nada de preocupação e mesmo numa situação dessa a rebeldia me tomava. Toda a inocência preenchia minha vida e me sentia o mais seguro dos seres. Essa condição somente agora compreendo, agora que vivo em meio às imperfeições. Na verdade, não acreditava (e não me permitia pensar) em perfeições. Agora eu limito a perfeição a um lugar para fazer valer seu sentido; reconheço a existência deste lugar ao passo que compreendo que nunca existirá de fato para mim que sou um ser imperfeito.
Tento ser racional, no entanto, meu lado sentimental agora aflora porque desejo estar naquele lugar ainda, que era só meu, que não dividia com ninguém (meu individualismo é insuportável). Porém, saí no momento certo, sei que não voltarei, já não caibo mais ali, ali já não me cabe, volto à realidade e encaro, também seria muito egoísmo com minha pobre mãe.
Um comentário:
Gostei do seu texto, da maneira como vc se expressa nele e fala de vc. É o seu retrato falado.
Bjo!
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